segunda-feira, 14 de julho de 2014

Publicado pelo Ven.´.  Irm.´. Gilvane Ferreira Garcia
- UM POUCO DE HISTÓRIA DA MAÇONARIA MISTA -
Muitos IIr.'. pertencentes a tradicional Maçonaria “masculina”, desconhecem, por não ser divulgada, a existência real da Maçonaria “Mista”, onde são aceitos homens e mulheres.
Aqui no Brasil existem Potencias Mistas tais como a Grande Loja Maç.'. Mista do Brasil, Grande Loja Arquitetos de Aquário (GLADA), Federação Brasileira “O Direito Humano”, estas as mais conhecidas, que possuem Lojas em vários estados do Brasil, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, etc (nas capitais e interior).
A Co-Maçonaria ou Maçonaria Mista, floresceu no último quartel do século passado como um ramo mais moderno da árvore secular pela Maçonaria, cujas raízes desde o final da antiguidade clássica, atravessaram toda a idade e os tempos modernos para se constituírem em nossos dias na admirável instituição propulsora do progresso humano, que ora conhecemos.
A fundação da Co-Maçonaria se deve, sobretudo, à colaboração de dois abnegados pioneiros da missão que à Maçonaria cumpre desempenhar no mundo e que desejavam ampliar e completar essa atuação Maçônica, pela admissão de mulheres nas Lojas Maçônicas. Um desses dois pioneiros foi o Dr. George S. Martin, maçom da mais alta graduação e projeção, que foi o conselheiro e inspirador constante da organização da Ordem da Maçonaria Mista “LE DROIT HUMAN”, em virtude de seu conhecimento e experiência do trabalho.
Outro elemento não menos importante da organização da Ordem foi a sua fundadora a Sta. Maria S. Deraismes, cuja iniciação dentro de uma oficina aberta masculina, veio facilitar a extensão, a outras mulheres, dos privilégios da iniciação maçônica.
Foi a conjugação dos esforços desses dois grandes pioneiros, Ir.'. George S. Martin e Sta. Maria S. Deraismes, que permitiu a organização vitoriosa da Co-Maçonaria.
O Ir.'. George S. Martin, juntamente com todo um grupo de entusiasmo da causa de emancipação feminina, vinha lutando durante muitos anos, pela admissão das mulheres nas Lojas Maçônicas sem conseguir porém realizar esse desideratum, porque a ele se opunham os preconceitos da maioria dos IIr.'. da época. Isto era tanto mais impressionante, quanto a Maçonaria que então, na França, se achava empenhada em luta, praticamente, por sua sobrevivência contra a intolerância clerical. Vinha contando com a colaboração entusiástica de todo um grupo de oradoras e escritoras francesas, que se uniam aos maçons e por estes eram aceitas como colaboradoras e defensoras de ideais maçônicos, porém sem querer admiti-las em suas oficinas.
Entre essas colaboradoras femininas saídas em defesa da Maçonaria, contra a intolerância religiosa, destacava-se, particularmente como oradora e escritora de artigos pela imprensa, a Sta. Maria S. Deraismes, dama da sociedade francesa, de uma família dotada de amplos recursos, que rompendo com o ambiente geral da sociedade da época, se consagrara à defesa dos ideais maçônicos. Com esse fim realizava constantes conferências em sessões públicas, na sede da Maçonaria francesa, e campanhas pela imprensa que a tornavam alvo das mais violentas represálias por parte dos elementos reacionários da igreja.
Existia nessa época, uma entidade denominada Grande Loja Escocesa de França, formada por várias Lojas que se haviam separado do Grande Oriente de França, e em cujas assembléias o Ir.'. Martin e seu dedicado grupo de colaboradores feministas, favoráveis à admissão da mulher, vinha constantemente propondo o ingresso delas nas Lojas Maçônicas, sem conseguir alcançar esse objetivo.
Uma das Lojas filiadas a essa organização, a Loja “LES LIVRES PENSEURS”, tendo como sede à pequena localidade de Pecq, situada na Normandia, deliberou romper com os preconceitos que impediam o ingresso da mulher na Maçonaria, resolvendo iniciar solenemente uma mulher, especialmente escolhida, dando ao ato a maior publicidade e repercussão possível, inclusive, convidando a participar dos trabalhos membros e representantes de toda as demais Lojas Maçônicas. Para receber a iniciação, elegeram a Sta. Maria S. Deraismes, em reconhecimento ao seu abnegado trabalho de defesa dos ideais maçônicos, na sociedade de então.
A cerimônia teve lugar em presença de grande número de maçons, no dia 14 de Janeiro de l882, sendo a Sta. Deraismes iniciada pela manhã, e por comunicação no mesmo dia, aos graus de Comp.'. e de M.'., recebendo então a insígnia deste último grau. Em seguida, realizou-se um banquete maçônico e depois uma grande reunião na Loja, durante a qual o novo membro da Ordem foi saudada com entusiasmo pelos mais expressivos representantes maçônicos presentes, tendo a Sta. Deraismes respondido em vibrante discurso, declarando aceitar os deveres e estar pronta a exercer todos os direitos, resultantes da investidura que recebera.
O Ir.'. George S. Martin, que assistira à iniciação da Sta. Deraismes, estabeleceu junto a esta uma colaboração constante visando facilitar o objetivo comum de ambos, que ora, a de formar uma nova obediência maçônica compreendendo homens e mulheres.
A Sta. Deraismes, passou a realizar o seu apostolado junto as suas amigas e conhecidas mais destacadas, da campanha de defesa da maçonaria e, com o auxílio do Ir.'. George S. Martin, assim foi iniciando e instruindo gradualmente, como maçons durante os anos que se seguiram a sua própria iniciação na Loja “LES LIVRES PENSEURS”. Esse procedimento foi demorado porque essa Loja depois de iniciar a Sta. Deraismes, tendo tido a sua carta suspensa pela sua Grande Loja, resolveu pela maioria de seu quadro renunciar à tarefa, que para si havia escolhido, de admitir a mulher na Co-Maçonaria, ficando assim a Sta. Deraismes como única mulher iniciada em Loja, em França.
Em 4 de Abril de 1893, porém já havia um número de mulheres perfeitamente instruídas pela Sta. Deraismes; com a colaboração do Ir.'. George S. Martin, já alcançara número suficiente de membros para que pudesse fundar a primeira Loja Maçônica Mista, a Grande Loja Simbólica Mista Escocesa de França, “LE DROIT HUMAIN”, (O Direito Humano) da qual se destacou como exemplo de obreira da mais alta conduta moral, a Sta. Deraismes foi a primeira Grã Mestra. Infelizmente, o estado de saúde desta abnegada pioneira da Co-Maçonaria, não lhe permitiu permanecer muito tempo à frente da Ordem, pois no ano seguinte veio a falecer.
O Ir.'. George S. Martin, como Grande Orador da Ordem, permaneceu auxiliando e aconselhando a sua substituta a Sra. Marie Martin, que exerceu o cargo de Grã Mestra com alta distinção e dignidade, até o ano de 1914.
Em 1900 essa nova Grande Loja, tendo em vista a extensão que ia tomando o trabalho da Maçonaria Mista em outros paises, achou conveniente trabalhar também nos altos graus e assim, com o auxilio de IIr.'. possuidores do Grau 33, do Rito Escocês, a Grande Loja Simbólica foi elevada a Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, como única entidade diretora e administradora da Ordem em todo o mundo. Hoje a Co-Maçonaria existe em quase todos os paises.
A Ordem foi organizada de acordo com as Grandes Constituições do Rito Escocês Antigo e Aceito, e as leis e princípios dos Supremos Conselhos adotados na reunião dos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito, na convenção de Lausanne de 1875.
A Ordem nos vários paises conforme o número de Lojas, é constituída por Federações Nacionais e Jurisdições Nacionais. Estas Últimas dependendo mais diretamente do Supremo Conselho e as Federações gozam de mais autonomia, de acordo com os regulamentos gerais por elas elaborados e aprovados pelo Supremo Conselho.
No Brasil a Ordem teve início em 1919 com a fundação de Uma Loja no Rio de Janeiro, sob a denominação de ANITA GARIBALDI, que não consegui firmar. Em meados desse ano fundou-se depois no Rio de Janeiro a Loja ISIS Nº 651, que é a Loja Mãe de todo o trabalho no Brasil e da qual só existe, atualmente, um dos fundadores, o M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Aleixo Alves de Souza, 33º.
Em Janeiro de 1920, ingressou na Ordem o nosso M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Lourenço de Matos Borges, 33º, e em 1923, o nosso M.'.I.'. e P.'.Ir.'. Aleixo Alves de Souza foi nomeado Delegado do Supremo Conselho para o Brasil, cargo que ocupou até 1925, época em que tende se filiado à Ordem, o M.'. I.'. e P.'. Ir.'. Paulino Diamico 33º , o Ir.'. Aleixo propôs que lhe fosse transferido o encargo do Delegado do Supremo Conselho, em vista de sua mais alta graduação Maçônica.
O nosso M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Diamico exerceu essas funções desde 1925 até 1930, época em que se demitiu do cargo sendo novamente nomeado para exerce-lo, o M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Aleixo Alves de Souza que foi substituído um ano depois pela Ir.'. Blanche Guetty que demitiu em 21938.
Em 1945, tendo o Supremo Conselho de Paris abatido colunas em virtude da ocupação na França pelos alemães, o trabalho da Co-Maçonaria, em todo o mundo foi restabelecido pela constituição de três Supremos Conselhos, com sede respectivamente em Londres, Lakespur, nos Estados Unidos e em Adyar, Madrasta, Índia.
Nessa ocasião o nosso M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Aleixo Alves de Souza, foi novamente escolhido para Delegado da Ordem no Brasil, pelo Supremo Conselho estabelecido nos Estados Unidos.
Finda a guerra, os três Supremos Conselhos que haviam dirigido os trabalhos durante as hostilidades, decidiram abater colunas para reconstituição do Supremo Conselho de Paris, a quem, como anteriormente, caberia a direção geral da Ordem Mista no mundo inteiro. Dois anos depois foi realizada em Paris uma grande Convenção da Ordem, que alterou a sua constituição, passando a Ordem a ser regida pela atual constituição de 1947.
Entre 1923 e 1927, fundaram-se várias Lojas nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro e, em 1928 foi fundado o Soberano Capítulo Rosa Cruz Amisade nº 82, ao vale da Capital Federal. No ano seguinte as Lojas da Jurisdição fundaram a Federação Brasileira do Direito Humano, tendo como Presidente o M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Paulino Diamico, 33º, representante do Supremo Conelho, como Gr.'.Secr.'. a M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Maria Adelaide Soledade Lopes, 33º e Gr.'. Secr.'. Adjunto o Resp.'. Ir.'. Lourenço de Matos Borges, 33º .
Em 1935, com o fechamento da Maçonaria no Brasil, a Federação abateu colunas, permanecendo em atividade apenas duas Lojas na Capital Federal.
Em 1963 veio a Federação Brasileira “O Direito Humano” a ser restabelecida em Convenção Nacional, realizada em Agosto desse ano, sendo solenemente inaugurada por ocasião da Visita ao Brasil do M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Charles Cambillard, 33, Sereníssimo Grão Mestre da Ordem Maçônica Mista Internacional, “O Direito Humano”.
A direção da Federação Brasileira ficou constituída de seu Presidente M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Aleixo Alves de Souza, representante do Supremo Conselho, do Grande Secretário o M.'.I.'. e P.'. Ir.'. Lourenço de Matos Borges, 33º , do Grande Tesoureiro o Ir.'. João Conrado de Castro Ponte, 33º e do Grande Secretário Adjunto o Ir.'. Ulisses Riedel de Resende, 30º.
Daí em diante, surgiram outras Potencias Mistas as quais, foram relatadas no início desta pesquisa.
Ir.'. José Carlos Lopes - M.'. I.'. - Or.'. de Curitiba - PR