quinta-feira, 11 de abril de 2013

Mulheres na Maçonaria

Mulheres na Maçonaria
 

Elizabeth Aldworth (início do século XVIII)

Maria Deraismes (Fundadora da Ordem Le Droit Humain)






quarta-feira, 10 de abril de 2013

História da Franco-Maçonaria e do Rito Francês



História da Franco-Maçonaria e do Rito Francês


Ir.'. Ibrahim, M.'.I.'.

Or.'. de Pelotas, 9 de abril de 2013 E.'.V.'.


Ninguém sabe com certeza quando e como a Maçonaria foi formada. O mais antigo documento que faz referência aos maçons é o manuscrito de Regius, impresso ao redor de 1390. Existe algum consenso entre os estudiosos que ela surgiu a partir das guildas de pedreiros da Idade Média que construíram as grandes catedrais e castelos medievais. Essas guildas ou corporações tinham por objetivo defender os interesses econômicos e profissionais dos trabalhadores que dela faziam parte. Essas organizações estabeleciam tratados em comum, embora suas diferenças profissionais e geográficas.

Esses trabalhadores organizavam-se em “lojas” (em inglês “lodge”, que significa “cabana”) que eram espaços onde podiam fazer suas reuniões. Evidências históricas sugerem que estas oficinas antigas possuíam algum tipo de ritualística, mas não existem documentos históricos que descrevam esses rituais. Alguns autores acreditam que os graus iniciais da Maçonaria (Aprendiz, Companheiro e Mestre) sejam herdados das guildas medievais. Sabe-se que as origens do grau de Companheiro remontam a algum momento antes de 1730, com a Compagnonage ou Companheirismo na França e em menor escala na Bélgica.

Segundo os estudiosos, as guildas operativas passaram, em algum momento, a aceitar a admissão de membros não operativos ou especulativos, que acabaram desenvolvendo os ideais morais e espirituais que caracterizam a Ordem, transformando-a em uma fraternidade liberal, iniciática e simbólica. Esses novos membros ficaram conhecidos como “maçons aceitos”. Este fato marca a passagem da Maçonaria Operativa para a fase Especulativa. Em 1717, quatro lojas em Londres formaram a primeira Grande Loja da Inglaterra, evento que marca o surgimento da Franco-Maçonaria moderna (Associação de Pedreiros Livres). Pouco tempo depois, a Igreja condena a Maçonaria, iniciando a perseguição aos maçons, muitos dos quais foram torturados e queimados nas fogueiras da Inquisição, o que exigiu que a Maçonaria passasse a atuar em segredo.

Em 1751 surge uma Grande Loja rival em Londres, originalmente formada por maçons irlandeses que afirmavam que a Grande Loja original havia feito inovações inaceitáveis na Maçonaria. Eles chamaram a primeira Grande Loja de “os modernos” e chamaram a si próprios de “os antigos”. As duas Grandes Lojas existiram concomitantemente por 63 anos, sem jamais reconhecerem-se mutuamente. Finalmente, após quatro anos de negociações, as duas Grandes Lojas da Inglaterra uniram-se em 1813 formando a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Ao longo dos anos que se seguiram à fundação da primeira Grande Loja da Inglaterra, em 1717, a Maçonaria tornou-se popular e espalhou-se pela Europa e Estados Unidos da América, com a fundação de diversas lojas. No Brasil, a Maçonaria teve início com a chegada de estrangeiros, assim como com os brasileiros que retornavam de seus estudos na Europa, principalmente nas universidades de Coimbra e Montpellier. Segundo alguns autores maçônicos relatam, em 1797 surgiu na Bahia a Loja denominada “Cavaleiros da Luz”. A primeira oficina regular reconhecida pela Grande Loja da Inglaterra foi a Loja “Reunião”, fundada em 1801 no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, a primeira Loja denomina-se “Filantropia e Liberdade”, fundada em 1831. Em Pelotas, a Maçonaria teve início em 1843, com a fundação da Loja “Protetora da Orfandade”.

A Constituição de Anderson, publicada em 1723 sob os auspícios da Grande Loja da Inglaterra, e as landmarks de Albert Mackey, publicadas em 1858 num trabalho intitulado “Foundations of the Masonic Law”, constituem-se em documentos que, se não tem a unanimidade entre os estudiosos da Maçonaria moderna, marcam o estabelecimento e consolidação da Maçonaria Especulativa. A expressão “landmark” é retirada de Provérbios 22:28: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais.” As landmarks são consideradas as mais antigas leis da Ordem, embora não haja evidências históricas para corroborar esta afirmação.

Uma das maiores polêmicas com relação à Constituição de Anderson a às landmarks de Mackey está na proibição da admissão de mulheres na Ordem. Isso está estabelecido no artigo 18º da Constituição de Anderson e na 18ª landmark de Mackey. No entanto, não há evidências da antiguidade das landmarks de Mackey ou das leis expressas na Constituição de Anderson. Além disso, diversos estudiosos afirmam que não havia nenhum preconceito para a admissão de mulheres nas antigas oficinas operativas da Idade Média. O próprio manuscrito de Regius cita as mulheres como sendo membros regulares da Ordem: “And love together as sister and brother In that honest craft to be perfect; And so each one shall teach the other, And love together as sister and brother.”

Muitas Lojas ao longo da história da Maçonaria admitiram mulheres, mas foi a partir de 1893 com a formação da Ordem “Le Droit Human” que as mulheres passaram a ser admitidas de forma regular na Maçonaria. Entre os pioneiros na formulação da Maçonaria Mista estão o Dr. George S. Martin, conselheiro e inspirador da Ordem “Le Droit Human” e sua fundadora Maria S. Deraismes. Nos dias de hoje está havendo um ressurgimento da Maçonaria Mista no Brasil e no mundo.

A Franco-Maçonaria estabelece-se na França em 1725. A mais antiga obediência maçônica no mundo é o Grande Oriente da França, fundado em 1728 e que se caracteriza por ser liberal e adogmático. Foi exatamente a Maçonaria francesa a que mais influência teve na Maçonaria brasileira. A França foi, nos séculos 18 e 19, o principal palco do esoterismo no mundo, com o surgimento de diversas ordens esotéricas, rosacruzes, herméticas e cabalísticas. Obviamente isso impactou profundamente a Maçonaria francesa e os ritos maçônicos.

Os ritos maçônicos são compostos por procedimentos ritualísticos. Eles são métodos para a transmissão dos ensinamentos e para a organização das cerimônias maçônicas. No período de 300 anos da Maçonaria Moderna ocorreu o surgimento de inumeráveis ritos. Podemos citar entre os mais difundidos: Rito Escocês Antigo e Aceito; Rito de York; Rito de Heredon; Rito de Memphis; Rito de Schröder; Rito Adonhiramita; Rito Francês; e Rito Moderno.

No Brasil, o rito mais difundido é o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA). Segundo os historiadores, a chamada “Maçonaria Escocesa” surgiu na França em 1742 e em 1804 foi fundada a “Grande Loja Escocesa da França do Rito Antigo e Aceito” com 18 graus. O Rito originalmente chamava-se “Rito Escocês Antigo”, e somente após a aceitação de Londres que ele passou a se auto-denominar “Aceito”. O Rito Escocês Antigo e Aceito é anunciado em 1801, após a criação do primeiro Supremo Conselho em Charleston, nos Estados Unidos da América. Um ano após isso, em 1802, é anunciada a criação do Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais, 33º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.

A Maçonaria francesa foi fundada por emigrantes que, vindos da Inglaterra, traziam um rito influenciado pelos “Modernos”. O Rito Francês surgiu após 1730, de uma forma não organizada, graças ao livro “Maçonaria Dissecada” de Samuel Prichard, e a partir de 1755 começaram os esforços para a elaboração de um rito organizado. O Rito Francês foi finalmente anunciado em Paris no ano de 1761 e proclamado em 1773 pelo Grande Oriente da França. Alguns estudiosos atestam sua semelhança com ritos maçônicos antigos datados de antes de 1717, portanto antes do estabelecimento da Maçonaria moderna e da fundação da Grande Loja da Inglaterra. O Rito Francês compunha-se inicialmente apenas dos primeiros três graus, os graus simbólicos: Aprendiz; Companheiro; e Mestre. No entanto, o grande interesse pelos graus mais elevados, os graus filosóficos, provocou uma proliferação de ritos. Preocupado com esta situação, o Grande Oriente da França buscou uma forma de harmonizar e padronizar as diferentes doutrinas que vicejavam desordenadamente, influenciadas pelos mais variados misticismos e esoterismos, particularmente o rosacruz. Assim, em 1786 surgia o Rito Francês de sete graus. Preocupado com a disseminação das mais variadas práticas ritualísticas, é publicado o “Le Régulateur du Maçon” em 1801, que normatiza o rito.

O Rito Francês consagra os seguintes graus simbólicos e filosóficos:

Graus Simbólicos

1º Grau – Aprendiz

2º Grau – Companheiro

3º Grau – Mestre

Graus Filosóficos

1ª Ordem – 4º Grau – Eleito

2ª Ordem – 5º Grau – Escocês

3ª Ordem – 6º Grau – Cavaleiro do Oriente ou da Espada

4ª Ordem – 7º Grau – Cavaleiro Rosa-Cruz

Existe ainda uma 5ª Ordem, prevista desde 1755, que trata de todos os conhecimentos físicos e metafísicos de outros ritos. No Brasil, o Rito Francês Moderno, adotou essa 5ª Ordem com dois graus, 8º e 9º, de forma a estabelecer uma equivalência com os graus 19 até 33 do REAA.

O Rito Francês caracteriza-se por sua laicidade e pela liberdade de consciência tão presentes na tradição da Maçonaria francesa. Posteriormente, o Rito Francês foi revisado pelo Grande Oriente da França, com o surgimento do Rito Francês Moderno, como uma derivação do Rito Francês tradicional, e consolidado após a Convenção de 1877. Esse Rito, inspirado pelos ideais Iluministas e pelo adogmatismo, eliminou as referências ao G.'.A.'.D.'.U.'., reservando à intimidade de cada um a crença em um Ser Superior.

A Maçonaria tem desenvolvido ao longo de sua história a fraternidade universal, um ênfase no estudo pessoal, auto-aprimoramento e uma melhoria da sociedade por meio de envolvimento em atividades filantrópicas. Ela foi um veiculo que difundiu os ideais do Iluminismo de liberdade, igualdade e fraternidade, defendendo a razão, a dignidade humana e a liberdade individual.

O BODE E A MAÇONARIA


O BODE E A MAÇONARIA


"E tu, Daniel, encerra estas palavras e 
sela este livro, até ao fim do tempo; 
muitos correrão de uma parte para 
outra, e o conhecimento se multiplicará...
E ele disse: Vai, Daniel, porque estas
palavras estão fechadas e seladas até ao
tempo do fim."
Daniel 12:4,9


Sempre despertou curiosidade dos profanos a vinculação que os maçons têm com a figura do bode, chegando ao ponto dos irmãos chamarem-se mutuamente de "bodes". A figura acabou sendo identificada pela Igreja e, mais recentemente, pelos evangélicos como sendo uma prova da vinculação da Maçonaria com o satanismo.

O bode sempre foi uma figura importante nas tradições dos povos antigos, sendo-lhe atribuídas características que são simbolicamente vinculadas com o processo de iniciação. No dia da consagração do Tabernáculo, Aarão imolou um bode pelos pecados do povo, por que essa era uma tradição antiga que dizia que esse animal possuía características especiais que o faziam ser capaz de catalisar os influxos espirituais do povo. Devemos nos lembrar da antiga prática judaica de oferecer a Deus o "bode expiatório" para perdoar os pecados do povo.

O nosso mais célebre e saudoso escritor Maçônico Brasileiro Ir.’. José Castellani (In Memoriam) escreveu:
A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região. Procurando saber o porquê daquele monólogo foi difícil obter resposta. Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação àquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino de uma aldeia, foi informado, de que aquele ritual era usado para expiação dos erros. Fazia parte da cultura daquele povo contar a alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo escondido, as suas faltas; ficaria mais aliviado junto à sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema.
Mas por que bode? – Quis saber Paulo. É porque o bode é seu confidente. Como o bode não fala o confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio por parte do padre confessor – nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a idéia aos seus superiores da Igreja; o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio. O povo passou a contar as suas faltas.
Voltemos a 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumário, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja.
Assim a Maçonaria, que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país.
Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições.
Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior:
- “Senhor este pessoal (Maçons) parece “BODE”, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”.
Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” – aquele que não fala o que sabe guardar segredo.

Fiel às instruções de Deus, como Daniel, os maçons até hoje mantém o sigilo sobre seus mistérios, guardando o segredo como recomendado por Deus.

Veja mais:


http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2168398

http://www.obreirosdeiraja.com.br/o-bode-na-maconaria-2/

terça-feira, 9 de abril de 2013

A IMPORTÂNCIA DO RITUAL

A IMPORTÂNCIA DO RITUAL

O Ritual, em sua concepção específica, é um processo disciplinador de nossos atos e da vida. É uma forma de ordenar a sucessão de fases, atos e atitudes destinadas a promover o desenvolvimento gradativo e lógico dos acontecimentos da Natureza, em comunhão com a atividade do ser humano, isto é, do ser vivo pensante.

Não se trata de um acontecimento aleatório e supersticioso, mas de um processo científico e técnico, presente em todos os fatos do mundo profano, embora se manifeste mais claramente na esfera religiosa, esotérica e principalmente nas ordens iniciáticas como a Maçonaria. O ritual nada tem de crendice e mistério, ele representa ordem de processos, determina que aquele que o pratica, faça a atração das forças a serem mobilizadas; depois deverá concentrá-las e em seguida, de maneira gradativa, dinamizar e direcioná-las para o objetivo escolhido. Nem sempre este objetivo será nobre e o iniciado deve ter conhecimento que a força do ritual poderá ser utilizada tanto para o bem como para o mal dependendo da ritualística praticada e o iniciado deverá conhecer ambas as forças e obviamente como maçons que somos seguirmos pela senda do bem ao próximo.

Observamos as fases de um ritual nos dias que se passam, na vida de todos os dias. Não seria um ritual aquela sucessão de etapas que realizamos logo que acordamos pela manhã? E quando nos atrasamos não nos sentimos mal o dia todo como se estivéssemos fora de sintonia? Ou quando temos que pular alguma fase?

Dentro do ritual de nossas vidas somos todos sacerdotes. Uma das características do ritual é a repetição, sem falhas dos gestos, palavras e ações, que quando feitos com concentração e motivação alegre, nos ligam com arquétipos e energias muito benéficas às nossas vidas. Ainda mais importante é a atuação de cada um dentro de um ritual destinado a nos ligar às energias superiores ou mesmo significações filosóficas em prol não apenas de quem o executa mais em prol de algo maior e muito valoroso.

O Ritual Maçônico se constitui de um meio poderoso para fazer com que todos aqueles que dele participam, atinjam um estado superior de consciência, que através da repetição disciplinada e constante, com grande requinte de detalhes e realizado com extrema atenção e correção, realizado com suavidade e obedecendo a um certo ritmo, gera equilíbrio emocional, calma interior, além de colocar cada um em estado de atenção.

Nota-se que, quando o Venerável de uma Loja está indisposto, desconcentrado, cansado, nervoso, preocupado ou perturbado por emoções e/ou energias estranhas, ocorre desde o início do ritual, uma “quebra” na prática do mesmo. As falas saem erradas, pulam-se partes do ritual no que se refere a sua seqüência e tudo começa a ficar fora de sintonia. Os erros do Ven.’. Mestre são logo acompanhados de erros dos demais Oficiais e por fim acaba por se instalar uma completa desarmonia no ambiente da Loja, gerando completo desconforto daqueles que participam.

A meditação no início serve para acalmar os ânimos, relaxando os nervos, diminuindo a exaltação e o “stress” do dia-a-dia, nos desligando das preocupações profanas. Nosso ritual irá com certeza fluir melhor após uma meditação bem realizada.

Toda escola iniciática estabelece um ritual, uma liturgia a ser seguida de maneira irrepreensível. Não se trata apenas de uma repetição de ações, mas de principalmente de se gerar uma forte energia que alimente uma egrégora, o qual, por sua vez, dará um sentido e uma força mágica ao ritual e ao cerimonial. É dessa seqüência cerimonial que a Iniciação retira seu mais profundo significado, produzindo um impacto emocional e espiritual necessário ao candidato e que marcará sua alma por toda a eternidade.

A Maçonaria como herdeira e depositária de ritualísticas advindas de sociedades muito mais antigas, como a egípcia por exemplo, transforma o indivíduo atuando nele e no grupo como um todo, causando uma transmutação interior.

O ritual tem uma importância capital na Maçonaria, e, definitivamente é um mau maçom aquele que faz pouco caso da ritualística ou a realiza apenas de maneira mecânica. Gestos, palavras, sons e posturas são geradores e canalizadores de energia, sejam positivas ou negativas. É responsabilidade dos Oficiais da Loja zelar para que os Obreiros ajam conforme a maneira prevista na ritualística, corrigindo desvios e impondo disciplina, pontualidade, assiduidade, dedicação aos estudos e conhecimento profundo de cada grau que o Obreiro venha a praticar.

Sabe-se por experiência, que Lojas que abateram suas colunas foram as que relaxaram na disciplina e no rigor da prática ritualística. É quando a egrégora se enfraquece a mesma com o tempo se desfaz e há uma quebra e o grupo se enfraquece.

Outra causa comum da dissolução das lojas é a fuga dos Obreiros por falta de motivação. O principal responsável é geralmente o Venerável que negligencia suas obrigações e deixa de preparar uma instrução ou um tema para debate em cada Sessão. Os Obreiros se sentem frustrados por não terem aprendido nada de novo naquela reunião e começa a pensar ser uma perda de tempo ir a Loja.

É no embate de opiniões e nas contribuições de cada membro do grupo que descobrimos novas formas de ver o mundo e então buscamos o que há de mais fundamental na Maçonaria: a investigação e busca da verdade.

Aprendizes-Maçons, ânimo nesta nova e importante etapa de vossas vidas e lembrem-se, o aprendiz não fala apenas simbolicamente, pois, precisa mais ouvir do que falar para que possa absorver com mais eficácia este mundo novo que se apresenta.

Oriente de São Paulo, Capital, 22 de março de 2005 da E.'.V.'.

Irm:. Sergio Sargo – M.'.I.'.

Fonte:

Revista Arte Real, n. 7, ano 3, maio de 2009.

http://www.entreirmaos.net/wp-content/uploads/2010/07/artereal271.pdf

A MULHER NA MAÇONARIA DESDE O SÉCULO XVII ATÉ NOSSOS DIAS

A MULHER NA MAÇONARIA DESDE O SÉCULO XVII ATÉ NOSSOS DIAS

Esteva Maria Krinski

"QUANDO FORMARDES OS DOIS UM
E O INTERNO COMO O EXTERNO
E O ALTO COMO O BAIXO
A FIM DE FAZER O MACHO
E A FÊMEA EM UM SÓ,
PARA QUE O MACHO NÃO SE FAÇA MACHO,
E A FÊMEA NÃO SE FAÇA FÊMEA,
INGRESSAREIS ENTÃO NO REINO".

(dito 23 do Evangelho segundo São Tomás)

    A participação da mulher na maçonaria é muito pouco conhecida por historiadores de nossa época, tendo em vista as dificuldades interpostas, dentre as quais a destruição de uma grande parte dos documentos que comprovavam tais fatos; os próprios maçons de lojas exclusivamente masculinas, resistiam e ainda resistem a idéia de que as mulheres possam fazer parte da sociedade maçônica.

     A bem da verdade, posso afirmar que a relação entre a mulher e a maçonaria, marcada por separações e reconciliações, sempre foi conturbada e polêmica.

     Esta pesquisa busca resgatar, dentro do possível, através de registros e depoimentos, a incansável luta de algumas, muito poucas, posso afirmar, mulheres que através dos movimentos feministas, desafiaram os preconceitos e conquistaram o direito de igualdade, tanto políticos como sociais.

     Vamos pela linha do tempo:

     Na Idade Média (final do século XVI), havia restrição quanto ao ingresso da mulher na maçonaria e o motivo, segundo pesquisa, se dava principalmente pela dificuldade de ofícios, já que era uma sociedade caracterizada pela miséria e falta de empregos, e os homens, receando que as mulheres se tornassem operárias e ganhando menor salário, reduzissem desta maneira suas oportunidades. Maria Oliveira Alves, secretária de relações Públicas do Grande Oriente, declara em entrevista a uma conhecida revista, que a proibição de mulheres nos rituais coincidiu com o período de "caça às bruxas", - era o tempo em que as mulheres só podiam desenvolver o INTELECTO nas labaredas da inquisição, - disse ela.

     Antes desse período, nas tradições das sociedades secretas antigas, tanto homens como mulheres de qualquer posição social e cultural podiam ser iniciados na maçonaria e seus mistérios, e a única exigência era a de que deveriam ser puros e de conduta nobre. A perseguição da mulher começou na Inglaterra por influência dos mistérios Judaicos-Mitro-Romanos e algumas agremiações operativas da Idade Média, que viviam na clandestinidade, para escapar das cruéis perseguições eclesiásticas e políticas.

     Em nenhuma escola pesquisada anteriormente, foi encontrado algo que proibisse o ingresso da mulher na ordem; pelo contrário, nos antigos mistérios do período operativo, a mulher desempenhava funções em igualdade com o homem, com a diluição desses mistérios pelas religiões, principalmente a Igreja Católica, as mulheres acabaram sendo discriminadas e inferiorizadas, e o clero feminino limitou-se a prestar serviços aos dirigentes eclesiásticos. Alegavam, nas sociedades antigas que a posição de inferioridade da mulher era devido à sua fragilidade física, sendo que até a esterilidade conjugal era indevidamente associada à mulher, pois não poderia comprometer o macho da espécie perante seus congêneres.

     Na Magazine Freemason, publicado em 1815, aparece o texto de um pequeno livro chamado Manuscrito "Poema Régio", datado de 1730, descoberto por um antiquário, com 794 versos, nada consta nesse manuscrito que revele que a ordem seja restrita aos homens, pelo contrário, pois em seu art. 10º, versos 203 e 204, diz: "Que nenhum Mestre suplante o outro, sendo que procedam entre si como irmão e irmã". No item 9º, versos 351 e 352, encontra-se: "Amavelmente servimo-nos a todos, como se fôssemos irmão e irmã". Somente no verso 154 existe uma proibição, que é a de admitir servo como aprendiz. Há também uma citação das ordenações da Loja Corporação de Corpus Christi, em York, d 1408, que diz: "Nenhum leigo será admitido na corporação, exceto apenas aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos sejam clérigos ou leigos e de ambos os sexos, serão bem recebidos se forem de boa reputação e de bons costumes". No mesmo manuscrito, se indica que os irmãos e irmãs deverão prestar juramento sobre o livro e várias vezes se faz alusão a dama, particularmente no juramento do aprendiz, onde ele jura obedecer ao Mestre ou a Dama. Acredito que isso seja suficiente para provar que existiam sim, mulheres em seus canteiros de obras.

     A exclusão da mulher só aconteceu a partir dos "Landmarks" que contrariavam as tradições e sociedades secretas antigas. Proibições estas, impostas pelo presbítero James Anderson, supostamente maçom, que no art. 18 de sua constituição de 1723, após a mudança da maçonaria operativa para especulativa, em 1717, vetou também a iniciação de escravos e deficientes físicos.

      Sobre estas reformas de 1717, o maçom Miguel André Ransey diz: - Muitos dos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores, foram mudados ou suprimidos. Também, segundo alto maçom Charles Sotseran, "As constituições de 1723 e 1738, do suposto maçom James Anderson, foram adaptadas para a então recém formada Primeira Grande Loja de Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra.

     Anderson adulterou estas constituições, e para fazê-las atuar legalmente, alegou que quase todos os documentos relativos à maçonaria haviam sido destruídos pelos reformadores, em 1717. Charles admite: "A maçonaria especulativa tem muitas tarefas e uma delas é a de admitir a mulher como colaboradora em suas atuações como fizeram os Húngaros com a condessa Haiderik. Quanto ao presbítero, não provavelmente maçom, seguindo os costumes clericais, e sua própria inclinação, tirou da mulher um direito que foi dela durante centena de anos.

     A maçonaria, não se conformando com essa discriminação, em 1730, sete anos depois da constituição de Anderson, criou na França um movimento, a Maçonaria de Adoção, destinada à mulher, sendo então fundada a ordem da Fidelidade, e que tinha apenas quatro graus. Em 1732, surgiu a Ordem dos Cavaleiros e Herínas da Âncora, dos Cavaleiros e Ninfas da Rosa, que não aceitavam mulheres como membros regulares, mas que lhes comunicavam sinais de reconhecimento e aceitavam suas presenças em determinadas cerimônias.

     Em 1738, surgiu na Alemanha a Ordem de Moisés, em 1747, a Ordem dos Lenhadores, ordem esta que tomou suas principais cerimônias dos Carbonários, que na época existia na Itália. O lugar de reunião era chamado Corte Florestal, como se diria em tempos atuais "Pedreiros da Floresta", o Mestre tinha o título de Pai-Mestre e seus membros eram tratados por primos e primas. Esta ordem foi muito popular, e as senhoras de França nela foram muito bem acolhidas. Segundo um Historiador, o sucesso desta ordem foi grande, ocasionando a criação de outras; entre as muitas distinguiram-se a Ordem do Machado e a Ordem da Felicidade, as quais aproveitando-se da galanteria com que as senhoras se destacavam, combateram fortemente o exclusivismo da Franco-Maçonaria.

     Em 1774, o Grande Oriente da França, percebendo que essas sociedades contavam com inúmeros membros, e que podiam prejudicar de alguma forma moral a que se propunha, criou um novo rito chamado de Adoção, que estabeleceu regras e leis para seu governo, prescrevendo que só os Franco-Maçons pudessem comparecer as suas reuniões, que cada Loja de Adoção estivesse sob o jugo de uma Loja Maçônica regularmente constituída, e que o Venerável desta última, ou seu deputado, fosse o oficial que presidisse acompanhado da presidente da Loja de Adoção.

     Em 1775, com as regras acima, foi estabelecida em Paris uma Loja sob o título de Santo Antonio, sob a presidência da Duquesa de Bourbon, a qual foi também nomeada Grã-Mestra do novo rito e meses depois foram fundadas as lojas "Candura" e "Nove Irmãs".

     Em 1778, é fundada a Loja Estrela do Oriente, o rito de adoção tinha apenas 4 graus: Aprendiz, Mestra e Perfeita Mestra.

     Em 1786, o conde Cagliostro, iniciado em 1760, na antiga maçonaria, pelo conde Saint Germain, fundava a Loja chamada Maçonaria Egípcia, para homens e mulheres; alegavam que se as mulheres haviam sido admitidas nos antigos mistérios, não havia razão para excluí-las das ordens modernas. A ordem de Moisés se espalhou pela Alemanha e o Rei Frederico I querendo proteger as mulheres, pôs a ordem sob sua proteção. A ordem cresceu, transpôs fronteiras e chegou a França, onde entrou sob forma de maçonaria de adoção.

     Os argumentos usados pelos homens segundo Luciana Andréia Araújo, não convenceram as mulheres a ficar fora dela, ao contrário, afirma Luciana, acabaram ouvindo rituais atrás de portas, iniciaram-se nos mistérios e criaram suas próprias lojas.

     Segundo narrativas de fontes orais, a senhora Beaton, escondeu-se no forro de madeira de uma loja de Norfolk, na Inglaterra, surpreendendo os segredos maçônicos. Foi então iniciada. Esta mulher guardou os segredos até sua morte em 1802.

     Madame Xaintrailes (não se tem data precisa), numa festa de adoção, antes da entrada dos membros da loja, entre os visitantes estava um jovem oficial, em uniforme de cavalaria. O maçom encarregado do exame dos visitantes, pediu-lhe o certificado de maçom para ser examinado pela loja. O oficial entregou um papel dobrado que foi encaminhado ao orador da loja, o qual, ao abri-lo descobriu que se tratava de uma patente de ajudante de ordens, outorgada pelo Diretório (1795 - 1799) à esposa do general Xantrailles, uma mulher que, com várias outras naqueles tempos conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando uma graduação militar pela espada.

     O historiador H. de Oliveira Marques conta que, em 1764, a arquiduquesa Maria Tereza da Áustria proibiu a ordem maçônica em seus domínios, depois de ter sido impedida de participar dos rituais secretos. O motivo pela qual a Rainha Elizabeth I teria perseguido a ordem na Inglaterra seria o mesmo.

     Depois da revolução Francesa os aventais femininos novamente foram excluídos. No final do século passado Marie Deraisme, feminista de primeira grandeza, fundou a primeira escola de obediência oficial, com o nome de a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista "O Direito Humano". A potência estendeu suas raízes pela Suécia, Inglaterra, Holanda, Itália e Argentina, sendo também fundada no Brasil em 1919, registrada como Isis, em homenagem a deusa do sol. Não há muitos registros sobre sua difusão.

     A Grande Loja Feminina da França, tornou-se a primeira potência legítima para administrar a maçonaria feminina Francesa.

     A maçonaria era antigamente regida pelos Old Charges (antigas obrigações ou deveres), Old Charges, nome em Inglês dado a mais de cem manuscritos existentes atualmente, que contém a história legendária da maçonaria operativa antes de 1717.
     Cagliostro registrou sua esposa, Laurenza, Grão Mestre de uma Loja adotiva feminina; são daí iniciadas várias damas da nobreza. Em 1786, Catarina II, imperatriz da Rússia, presidiu a Loja Clio, conforme cita Vera Facciolo, soberana Grã-Mestra da Grande Loja Arquitetos de Aquário, do Grande Oriente de São Paulo, em sua tese "A mulher na maçonaria", apresentada no V congresso Maçônico Internacional de História e Geografia, realizado no Rio de Janeiro em março de 1990. A controvertida figura do conde Calistro, ou José Bálsamo, como afirmam alguns historiadores, criou em Lyon em 1786, o rito egípcio da maçonaria andrógina, que teve a princesa Lambelle como primeira Grã-Mestre honorária.

     A revolução Francesa foi brutal para os maçons, assim como para a princesa Lambelle que foi massacrada em 1792 na prisão da forca; outras permaneceram no cadafalso; uma grande parte imigrou. Não parece Ter havido lojas no período Jacobino, mas a partir do consulado elas se reconstituem. 

     Deu-se uma grande importância a certa tradição, segundo a qual Josephine Beauharmais, membro de uma loja adotiva, tinha sido encarregada pelo seu segundo marido, Bonaparte, de reconstruir essas lojas. Tornado-se imperatriz, assistiu pessoalmente a iniciação da condessa de Canisy, sua dama de honra, numa assembléia que teve lugar em Estrasburgo no ano de 1810. A partir daí não mais existiram lojas femininas na França até 1810.

     A criação de lojas femininas tornou-se tão presente depois de 1871, e desde então foi tão fortemente apoiada por certos maçons que ela suscita uma criação exemplar, o que vem a acontecer através de Marie Deraisme, nascida em 1828, em Bourbon. Marie Deraisme é uma excelente escritora com talento de oradora, e as belas frases tanto escritas como faladas surgem com facilidade. Esta faculdade permite-lhe servir com eficiência a causa feminista.

     Na Segunda metade do século XIX, a emancipação da mulher é uma realidade, e é nesta corrente de pensamento que Marie Deraisme se envolve. Marie é convidada para fazer uma série de conferências no Grande Oriente. Ela ia recusar quando um artigo de um jornal, que criticava as mulheres de letras, lhe chama atenção. Indignada com a afronta do masculino contra o feminino, ela muda de idéia. Sua luta pela emancipação da mulher se estende por mais 20 anos.

     Em 14 de janeiro de 1892, na loja "Les Libres Penseur", em Pec, na Normandie, Marie Deraisme recebe a luz maçônica, e no mesmo dia recebe os graus de companheiro e mestre maçom. A Grande Loja da França, ao tomar conhecimento deste fato, expulsou esta loja e seu Venerável Mestre, Obram. Dr George Martin, persuadiu este Venerável Mestre a fundar uma organização aberta a homens e mulheres, em pé de igualdade, juntamente com a escritora e jornalista Marie Deraisme. O Franco-Maçom, George Martin, Senador da República, que vinha trabalhando pela admissão da mulher na maçonaria, ofereceu sua ajuda a Marie Deraisme, que está resolvida a ver seu sonho realizado.

     Esses três seres complementares reúnem seus conhecimentos para enfim, depois de tantos obstáculos criados por alguns franco-maçons, Marie Deraisme realiza sua grande obra; nasce oficialmente, em 04 de abril de 1893, a Grande Loja Simbólica Mista da França. A nova potência foi denominada "Le Droit Humain" (O Direito Humano). A escritora, Marie Deraisme fundou ainda a primeira loja feminista durável que levou o nome de "O Direito Humano"; é uma loja mista de rito Escocês, mas que só inicia mulheres.

     Em Portugal, o boletim oficial do Grande Oriente Lusitano, registra em 1881, a existência em Portugal de uma loja de adoção, com o título de "Filipinas de Vilhena", aprovada pelo decreto nº 18 de 29 de dezembro de 1881, autorizando a instalação e regularização, sob os auspícios desse Grande Oriente, como filial 01 da loja "Restauração de Portugal". Essa loja teve vida agitada dentro da maçonaria, sendo expulsa deste Grande Oriente pelo decreto 9 de 10 de junho de 1883. Ingressaram então na nova Grande Loja dos maçons livres e aceitos de Portugal.

     Esta loja feminista abandona a Grande Loja em 29 de outubro de 1884, indo a seguir, filiar-se à Grande Loja Departamentel de Fortaleza do Grande Oriente da Espanha, até que em junho de 1885, a Venerável é expulsa, acabando assim a agitada vida da 1ª loja de adoção de Portugal. Somente em 1904, é que voltam a aparecer lojas de adoção em Portugal, e pouco a pouco as senhoras conquistaram sua independência, passando a se organizar em lojas femininas independentes, tal como as lojas masculinas, com representação própria e nitidamente apoiada pela "Le Droit Humain" Francesa.

     Em São Paulo, a 4 de janeiro de 1871, irmãos das lojas "Amizade", do Grande Oriente Beneditino, fundaram a loja feminina, "Sete de Setembro" da qual foi a primeira Grã-Mestre, Francisca Carolina de Carvalho.

     Vera Facciolo, em sua tese, cita uma relação de nove lojas femininas, fundadas sob a jurisdição do Grande Oriente Unido, e que tiveram vida entre 1874 e 1903. Em Campos, a loja "Anita Bocaiúva"; no Rio de Janeiro, "A estrela Fluminense" e as "Filhas do Progresso"; em Curitiba a loja "Filhas de Acácia"; em Juiz de Fora a loja "As Filhas de Hiran"; em Bagé, "Fraternidade"; em São João da Barra (RJ) a "Perseverança"; em Barra do Itapemirim (ES), "Teodora". Dessas lojas, uma foi dissolvida, uma eliminada pela ordem, três simplesmente desapareceram, e uma teve o pedido de regularização indeferido, as três restantes foram dissolvidas e cassadas por ato de Grão-Mestrado em 25 de setembro de 1937. Segundo a Grã-Mestre Vera Facciolo, entre 1874 e 1903, existiu em Bagé (RS), a loja mista "Fraternidade", portanto pode-se afirmar que as lojas mistas do Rio Grande do Sul, existiam antes de 1937. Até este ano foi encontrado provas de tais lojas.

     Em Porto Alegre, até 1937, havia uma loja mista denominada "Verdade e Justiça nº 659", trabalhava em um prédio na rua República, e era filiada a "Le Droit Humain", da França. Desapareceu durante o regime discricionário do Estado Novo. Ainda em Porto Alegre, a loja mista "Vanguarda"; em Santa Maria a loja "Aor"; em Santana do Livramento, trabalhava uma loja mista filiada ao "Direitro Humano", e "Lautaro". Quer nos parecer que estas lojas tiveram atividades até 1960. (os dados encontrados são vagos), contudo, segundo informa o maçom, José Jorge de S. Marques, que a A.R.L.S. Verdade e Justiça 659 "O Direito Humano", ainda funciona em Porto Alegre, sob os auspícios do O.M.M.I. - Le Droit Humain.

     Em 1902, foi fundada nos Estados Unidos da América do Norte, a ordem Maçônica Mista Internacional "O Direito Humano", e em 1919, no Rio de Janeiro, foi fundada a loja mista "Ísis". A Federação Brasileira "O Direito Humano", filiada a Maçonaria Mista Internacional, "Le Droit Humain", foi fundada em 1929.

     Na França, e em outros países, existem atualmente, lojas femininas masculinas e mistas. Em nosso país, as potências masculinas regulares não reconhecem as lojas femininas e mistas e no entanto, estas aceitam como regulares as potências masculinas. O Grande Oriente do Brasil, em 1940, suprimiu de sua legislação as lojas de adoção, ficando assim evidente a sua aceitação posterior.

     Há mais de 75 anos, espalhadas pelo mundo, funciona a Ordem Internacional "As Filhas de Jó", para jovens filhas de maçons de 11 a 20 anos, desenvolvendo em seus núcleos um ritual puramente devocional (lunar).

     Na atualidade o tema "Mulher na Maçonaria", tem sido assunto de muita controvérsia, muitas opiniões já foram publicadas pela Imprensa Maçônica, algumas favoráveis ao ingresso da mulher na maçonaria regular masculina, e, em grande maioria são opiniões contrárias a esse procedimento.

     A revista "Acácia", dedicou em várias edições, artigos de profundidade sobre o tema, alguns assinados por respeitáveis irmãos maçons.
Comentários de alguns autores:

     Friedrich Nietzche, em "Oeuvres Posthumes" (Mercure de France, 1934, 156p) vê na mulher emancipada uma masculinidade, uma degeneração dos instintos femininos que arruínam seu poder.

     A Grande Loja da Suíça, publica em seu nº 30, de Cayer bleu, que a mulher deve possuir seus próprios rituais, correspondentes à sua sensibilidade.

     Em Paris, a loja Heptágono, elabora um ritual baseado nos ritos da tecelagem, com a simbólica das tramas e dos entrelaços.

     A maçonaria de 1717, só pode refletir em suas constituições de 1723, um sentimento geral de servilismo da mulher, em um século puritano, dependente de seu marido ou de seu tutor. Ela não é livre no sentido jurídico.

     Dentro desta incompreensão André Bousine define esse aporte feminino em "La Franc-Maçonnerie Anglo-Saxonne et les Femmes". Seu texto é abundante de ensinamentos, tirados de suas próprias fontes, dos rituais, das conversas e de sua freqüência nas lojas. Em sua tese de doutorado de história, sustentado em Dijon, a 22 de janeiro de 1990, conservou mais que o pensamento tradicional, o aspecto ao mesmo tempo espiritual e histórico, baseados em valores iniciáticos, que particularmente nos Estados Unidos, se inscrevem em um contexto sociológico, no respeito de usos e costumes de um país. O maior interesse desta obra é traçar um paralelo entre as lojas de adoção Francesas do século XVIII, e nossas lojas femininas atuais, face as lojas feministas Inglesas e Americanas.
Esta matéria foi publicada originalmente no nº 4 de 1995 da edição Francesa L'Initiation.

     "O progresso em nossos dias estabeleceu entre homens e mulheres, igualdade de direitos sociais, políticos e jurídicos. Poderá este novo status influir para a reconsideração de uma posição que faltam as bases tradicionais que colocavam a mulher sob a dependência e a tutela do homem?"

(Por Anatoli Olynik Dyn)

Fonte:

Revista TriploV de Artes, Religiões e Ciências

http://www.triplov.com/carbonaria/maconaria_feminina/esteva_krinski.htm

domingo, 7 de abril de 2013

Citação

"Ninguém pode ser reconhecido como maçom enquanto continuar servo das suas paixões, escravo das suas crenças e cego pelos bens deste mundo."
- Jean Mourgues

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Campanha do Agasalho

A A.'.R.'.L.'.S.'. Fraternidade e Paz nº 7 lançou campanha do agasalho para este inverno. O resultado da campanha deverá ser doado a uma entidade assistencial a ser escolhida. As doações devem ser encaminhadas aos Obreiros da Loja.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Iniciação e regularização na A.'.R.'.L.'.S.'. Fraternidade e Paz

Realizou-se no dia 23 de fevereiro de 2013 a iniciação ao Gr.'. de Apr.'. M.'. da Ir.'. Daniela Rodrigues Brizolara e a regularização como M.'.M.'. do Ir.'. Gilvane Ferreira Garcia na A.'.R.'.L.'.S.'. Fraternidade e Paz nº 7 no Templo da A.'.R.'.L.'.S.'. Minerva nº 6 ao Or.'. de Porto Alegre. Com grande satisfação, os membros da Loja recebem os dois novos IIr.'. de braços abertos, certos de que eles serão colunas de sustentação de nossa Loja.

Apresentação da Loja

A Loja Fraternidade e Paz é formada por um grupo de maçons comprometidos com os elevados princípios da Maçonaria Universal e com a luta pela presença da mulher em Loja, reconhecida como maçom e atuante nos Trabalhos da Loja. A presença de uma Loja mista no sul do estado do Rio Grande do Sul é estratégica para a promoção dos mais nobres ideais maçônicos sem preconceitos de gênero.

A Maçonaria é uma Ordem fraternal, adogmática, iniciática e simbólica que trabalha pela evolução da humanidade.

Ninguém sabe com certeza quando e como a Maçonaria foi formada. O mais antigo documento que faz referência aos maçons é o manuscrito de Regius, impresso ao redor de 1390. Existe algum consenso entre os estudiosos que ela surgiu a partir das guildas de pedreiros da Idade Média que construíram as grandes catedrais e castelos medievais. Essas guildas ou corporações tinham por objetivo defender os interesses econômicos e profissionais dos trabalhadores que dela faziam parte.

Esses trabalhadores organizavam-se em “lojas” (em inglês “lodge”, que significa “cabana”) que eram espaços onde podiam fazer suas reuniões. Evidências históricas sugerem que estas oficinas antigas possuíam algum tipo de ritualística, mas não existem documentos históricos que descrevam esses rituais. Alguns autores acreditam que os graus iniciais da Maçonaria (Aprendiz, Companheiro e Mestre) sejam herdados das guildas medievais.

Segundo os estudiosos, as guildas operativas passaram, em algum momento, a aceitar a admissão de membros não operativos ou especulativos, que acabaram desenvolvendo os ideais morais e espirituais que caracterizam a Ordem, transformando-a em uma fraternidade iniciática e simbólica. Esses novos membros ficaram conhecidos como “maçons aceitos”. Este fato marca a passagem da Maçonaria Operativa para a fase Especulativa. Em 1717, quatro lojas em Londres formaram a primeira Grande Loja da Inglaterra, evento que marca o surgimento da Franco-Maçonaria moderna (Associação de Pedreiros Livres).

A Maçonaria recebeu influência do Iluminismo Francês, e de seus ideais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".

O preconceito contra a mulher originou-se no artigo 18 da Constituição de Anderson, de 1723, e na 18º Landmark de Albert Mackey, de 1858. No entanto, tanto sabemos que diversos estudos questionam a antiguidade das leis estabelecidas nos trabalhos de Anderson e Mackey, quanto sabemos que a presença das mulheres na Maçonaria remonta a período anterior à transformação da Maçonaria operativa em Maçonaria especulativa. A presença de mulheres entre os Pedreiros Livres está registrada num dos mais antigos documentos maçônicos preservados, o manuscrito de Regius.  Devemos lembrar de Maria Deraismes, um personalidade destacada na história da maçonaria e fundadora da Ordem Le Droit Humain, que até os dias de hoje dedica-se a promover a Maçonaria com a presença de mulheres em Loja.

Os quesitos para que um homem ou mulher torne-se maçom é que possua uma ética e moral elevada, crença no Grande Arquiteto do Universo, na sobrevivência da alma após a morte e desejo por trabalhar pela evolução da humanidade.

A Maçonaria não pretende ser uma religião, mas sim uma associação de homens livres e de bons costumes comprometidos com a evolução espiritual, moral, intelectual e cultural da humanidade. A Maçonaria sempre lutou por um estado laico, pela educaçao pública e pelo auto-aprimoramento do Homem. Lojas e organizações maçônicas costumam envolver-se em atividades de cunho filantrópico e assistencialista, embora não seja essa a atividade fim da Maçonaria.



Iniciação do Gr.'. de Apr.'. M.'.

    Iniciação de Apr.'. M.'. na A.'.R.'.L.'.S.'. Fraternidade e Paz, ocorrida em 17 de novembro de 2012, em Pelotas, com a presença do Ir.'. Sergio Puccinelli de Rio Grande e dos IIr.'. da A.'.R.'.L.'.S.'. Minerva de Porto Alegre.








Emblema e estandarte da Loja

              LOJA FRATERNIDADE E PAZ
                        PELOTAS - RS

          Fundada em 22 de setembro de 2012








       Emblema da Loja















                                                                                               Estandarte da Loja