A MULHER NA MAÇONARIA DESDE O SÉCULO XVII ATÉ NOSSOS DIAS
Esteva Maria Krinski
"QUANDO FORMARDES OS DOIS UM
E O INTERNO COMO O EXTERNO
E O ALTO COMO O BAIXO
A FIM DE FAZER O MACHO
E A FÊMEA EM UM SÓ,
PARA QUE O MACHO NÃO SE FAÇA MACHO,
E A FÊMEA NÃO SE FAÇA FÊMEA,
INGRESSAREIS ENTÃO NO REINO".
(dito 23 do Evangelho segundo São Tomás)
A participação da
mulher na maçonaria é muito pouco conhecida por historiadores de nossa
época, tendo em vista as dificuldades interpostas, dentre as quais a
destruição de uma grande parte dos documentos que comprovavam tais
fatos; os próprios maçons de lojas exclusivamente masculinas, resistiam e
ainda resistem a idéia de que as mulheres possam fazer parte da
sociedade maçônica.
A bem da verdade, posso afirmar que a relação entre a mulher e a
maçonaria, marcada por separações e reconciliações, sempre foi
conturbada e polêmica.
Esta pesquisa busca resgatar, dentro do possível, através de
registros e depoimentos, a incansável luta de algumas, muito poucas,
posso afirmar, mulheres que através dos movimentos feministas,
desafiaram os preconceitos e conquistaram o direito de igualdade, tanto
políticos como sociais.
Vamos pela linha do tempo:
Na Idade Média (final do século XVI), havia restrição quanto
ao ingresso da mulher na maçonaria e o motivo, segundo pesquisa, se dava
principalmente pela dificuldade de ofícios, já que era uma sociedade
caracterizada pela miséria e falta de empregos, e os homens, receando
que as mulheres se tornassem operárias e ganhando menor salário,
reduzissem desta maneira suas oportunidades. Maria Oliveira Alves,
secretária de relações Públicas do Grande Oriente, declara em entrevista
a uma conhecida revista, que a proibição de mulheres nos rituais
coincidiu com o período de "caça às bruxas", - era o tempo em que as
mulheres só podiam desenvolver o INTELECTO nas labaredas da inquisição, -
disse ela.
Antes desse período, nas tradições das sociedades secretas
antigas, tanto homens como mulheres de qualquer posição social e
cultural podiam ser iniciados na maçonaria e seus mistérios, e a única
exigência era a de que deveriam ser puros e de conduta nobre. A
perseguição da mulher começou na Inglaterra por influência dos mistérios
Judaicos-Mitro-Romanos e algumas agremiações operativas da Idade Média,
que viviam na clandestinidade, para escapar das cruéis perseguições
eclesiásticas e políticas.
Em nenhuma escola pesquisada anteriormente, foi encontrado
algo que proibisse o ingresso da mulher na ordem; pelo contrário, nos
antigos mistérios do período operativo, a mulher desempenhava funções em
igualdade com o homem, com a diluição desses mistérios pelas religiões,
principalmente a Igreja Católica, as mulheres acabaram sendo
discriminadas e inferiorizadas, e o clero feminino limitou-se a prestar
serviços aos dirigentes eclesiásticos. Alegavam, nas sociedades antigas
que a posição de inferioridade da mulher era devido à sua fragilidade
física, sendo que até a esterilidade conjugal era indevidamente
associada à mulher, pois não poderia comprometer o macho da espécie
perante seus congêneres.
Na Magazine Freemason, publicado em 1815, aparece o texto de
um pequeno livro chamado Manuscrito "Poema Régio", datado de 1730,
descoberto por um antiquário, com 794 versos, nada consta nesse
manuscrito que revele que a ordem seja restrita aos homens, pelo
contrário, pois em seu art. 10º, versos 203 e 204, diz: "Que nenhum
Mestre suplante o outro, sendo que procedam entre si como irmão e irmã".
No item 9º, versos 351 e 352, encontra-se: "Amavelmente servimo-nos a
todos, como se fôssemos irmão e irmã". Somente no verso 154 existe uma
proibição, que é a de admitir servo como aprendiz. Há também uma citação
das ordenações da Loja Corporação de Corpus Christi, em York, d 1408,
que diz: "Nenhum leigo será admitido na corporação, exceto apenas
aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos sejam clérigos ou
leigos e de ambos os sexos, serão bem recebidos se forem de boa
reputação e de bons costumes". No mesmo manuscrito, se indica que os
irmãos e irmãs deverão prestar juramento sobre o livro e várias vezes se
faz alusão a dama, particularmente no juramento do aprendiz, onde ele
jura obedecer ao Mestre ou a Dama. Acredito que isso seja suficiente
para provar que existiam sim, mulheres em seus canteiros de obras.
A exclusão da mulher só aconteceu a partir dos "Landmarks" que
contrariavam as tradições e sociedades secretas antigas. Proibições
estas, impostas pelo presbítero James Anderson, supostamente maçom, que
no art. 18 de sua constituição de 1723, após a mudança da maçonaria
operativa para especulativa, em 1717, vetou também a iniciação de
escravos e deficientes físicos.
Sobre estas reformas de 1717, o maçom Miguel André Ransey diz:
- Muitos dos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores,
foram mudados ou suprimidos. Também, segundo alto maçom Charles
Sotseran, "As constituições de 1723 e 1738, do suposto maçom James
Anderson, foram adaptadas para a então recém formada Primeira Grande
Loja de Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra.
Anderson adulterou estas constituições, e para fazê-las atuar
legalmente, alegou que quase todos os documentos relativos à maçonaria
haviam sido destruídos pelos reformadores, em 1717. Charles admite: "A
maçonaria especulativa tem muitas tarefas e uma delas é a de admitir a
mulher como colaboradora em suas atuações como fizeram os Húngaros com a
condessa Haiderik. Quanto ao presbítero, não provavelmente maçom,
seguindo os costumes clericais, e sua própria inclinação, tirou da
mulher um direito que foi dela durante centena de anos.
A maçonaria, não se conformando com essa discriminação, em
1730, sete anos depois da constituição de Anderson, criou na França um
movimento, a Maçonaria de Adoção, destinada à mulher, sendo então
fundada a ordem da Fidelidade, e que tinha apenas quatro graus. Em 1732,
surgiu a Ordem dos Cavaleiros e Herínas da Âncora, dos Cavaleiros e
Ninfas da Rosa, que não aceitavam mulheres como membros regulares, mas
que lhes comunicavam sinais de reconhecimento e aceitavam suas presenças
em determinadas cerimônias.
Em 1738, surgiu na Alemanha a Ordem de Moisés, em 1747, a
Ordem dos Lenhadores, ordem esta que tomou suas principais cerimônias
dos Carbonários, que na época existia na Itália. O lugar de reunião era
chamado Corte Florestal, como se diria em tempos atuais "Pedreiros da
Floresta", o Mestre tinha o título de Pai-Mestre e seus membros eram
tratados por primos e primas. Esta ordem foi muito popular, e as
senhoras de França nela foram muito bem acolhidas. Segundo um
Historiador, o sucesso desta ordem foi grande, ocasionando a criação de
outras; entre as muitas distinguiram-se a Ordem do Machado e a Ordem da
Felicidade, as quais aproveitando-se da galanteria com que as senhoras
se destacavam, combateram fortemente o exclusivismo da Franco-Maçonaria.
Em 1774, o Grande Oriente da França, percebendo que essas
sociedades contavam com inúmeros membros, e que podiam prejudicar de
alguma forma moral a que se propunha, criou um novo rito chamado de
Adoção, que estabeleceu regras e leis para seu governo, prescrevendo que
só os Franco-Maçons pudessem comparecer as suas reuniões, que cada Loja
de Adoção estivesse sob o jugo de uma Loja Maçônica regularmente
constituída, e que o Venerável desta última, ou seu deputado, fosse o
oficial que presidisse acompanhado da presidente da Loja de Adoção.
Em 1775, com as regras acima, foi estabelecida em Paris uma
Loja sob o título de Santo Antonio, sob a presidência da Duquesa de
Bourbon, a qual foi também nomeada Grã-Mestra do novo rito e meses
depois foram fundadas as lojas "Candura" e "Nove Irmãs".
Em 1778, é fundada a Loja Estrela do Oriente, o rito de adoção tinha apenas 4 graus: Aprendiz, Mestra e Perfeita Mestra.
Em 1786, o conde Cagliostro, iniciado em 1760, na antiga
maçonaria, pelo conde Saint Germain, fundava a Loja chamada Maçonaria
Egípcia, para homens e mulheres; alegavam que se as mulheres haviam sido
admitidas nos antigos mistérios, não havia razão para excluí-las das
ordens modernas. A ordem de Moisés se espalhou pela Alemanha e o Rei
Frederico I querendo proteger as mulheres, pôs a ordem sob sua proteção.
A ordem cresceu, transpôs fronteiras e chegou a França, onde entrou sob
forma de maçonaria de adoção.
Os argumentos usados pelos homens segundo Luciana Andréia
Araújo, não convenceram as mulheres a ficar fora dela, ao contrário,
afirma Luciana, acabaram ouvindo rituais atrás de portas, iniciaram-se
nos mistérios e criaram suas próprias lojas.
Segundo narrativas de fontes orais, a senhora Beaton,
escondeu-se no forro de madeira de uma loja de Norfolk, na Inglaterra,
surpreendendo os segredos maçônicos. Foi então iniciada. Esta mulher
guardou os segredos até sua morte em 1802.
Madame Xaintrailes (não se tem data precisa), numa festa de adoção,
antes da entrada dos membros da loja, entre os visitantes estava um
jovem oficial, em uniforme de cavalaria. O maçom encarregado do exame
dos visitantes, pediu-lhe o certificado de maçom para ser examinado pela
loja. O oficial entregou um papel dobrado que foi encaminhado ao orador
da loja, o qual, ao abri-lo descobriu que se tratava de uma patente de
ajudante de ordens, outorgada pelo Diretório (1795 - 1799) à esposa do
general Xantrailles, uma mulher que, com várias outras naqueles tempos
conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando uma graduação
militar pela espada.
O historiador H. de Oliveira Marques conta que, em 1764, a arquiduquesa
Maria Tereza da Áustria proibiu a ordem maçônica em seus domínios,
depois de ter sido impedida de participar dos rituais secretos. O motivo
pela qual a Rainha Elizabeth I teria perseguido a ordem na Inglaterra
seria o mesmo.
Depois da revolução Francesa os aventais femininos novamente foram
excluídos. No final do século passado Marie Deraisme, feminista de
primeira grandeza, fundou a primeira escola de obediência oficial, com o
nome de a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista "O Direito Humano". A
potência estendeu suas raízes pela Suécia, Inglaterra, Holanda, Itália e
Argentina, sendo também fundada no Brasil em 1919, registrada como Isis,
em homenagem a deusa do sol. Não há muitos registros sobre sua difusão.
A Grande Loja Feminina da França, tornou-se a primeira potência legítima
para administrar a maçonaria feminina Francesa.
A maçonaria era antigamente regida pelos Old Charges (antigas obrigações
ou deveres), Old Charges, nome em Inglês dado a mais de cem manuscritos
existentes atualmente, que contém a história legendária da maçonaria
operativa antes de 1717.
Cagliostro registrou sua esposa, Laurenza, Grão Mestre de uma Loja
adotiva feminina; são daí iniciadas várias damas da nobreza. Em 1786,
Catarina II, imperatriz da Rússia, presidiu a Loja Clio, conforme cita
Vera Facciolo, soberana Grã-Mestra da Grande Loja Arquitetos de Aquário,
do Grande Oriente de São Paulo, em sua tese "A mulher na maçonaria",
apresentada no V congresso Maçônico Internacional de História e
Geografia, realizado no Rio de Janeiro em março de 1990. A controvertida
figura do conde Calistro, ou José Bálsamo, como afirmam alguns
historiadores, criou em Lyon em 1786, o rito egípcio da maçonaria
andrógina, que teve a princesa Lambelle como primeira Grã-Mestre
honorária.
A revolução Francesa foi brutal para os maçons, assim como para a
princesa Lambelle que foi massacrada em 1792 na prisão da forca; outras
permaneceram no cadafalso; uma grande parte imigrou. Não parece Ter
havido lojas no período Jacobino, mas a partir do consulado elas se
reconstituem.
Deu-se uma grande importância a certa tradição, segundo a
qual Josephine Beauharmais, membro de uma loja adotiva, tinha sido
encarregada pelo seu segundo marido, Bonaparte, de reconstruir essas
lojas. Tornado-se imperatriz, assistiu pessoalmente a iniciação da
condessa de Canisy, sua dama de honra, numa assembléia que teve lugar em
Estrasburgo no ano de 1810. A partir daí não mais existiram lojas
femininas na França até 1810.
A criação de lojas femininas tornou-se tão presente depois de 1871, e
desde então foi tão fortemente apoiada por certos maçons que ela suscita
uma criação exemplar, o que vem a acontecer através de Marie Deraisme,
nascida em 1828, em Bourbon. Marie Deraisme é uma excelente escritora
com talento de oradora, e as belas frases tanto escritas como faladas
surgem com facilidade. Esta faculdade permite-lhe servir com eficiência
a causa feminista.
Na Segunda metade do século XIX, a emancipação da mulher é uma
realidade, e é nesta corrente de pensamento que Marie Deraisme se
envolve. Marie é convidada para fazer uma série de conferências no
Grande Oriente. Ela ia recusar quando um artigo de um jornal, que
criticava as mulheres de letras, lhe chama atenção. Indignada com a
afronta do masculino contra o feminino, ela muda de idéia. Sua luta pela
emancipação da mulher se estende por mais 20 anos.
Em 14 de janeiro de 1892, na loja "Les Libres Penseur", em Pec, na
Normandie, Marie Deraisme recebe a luz maçônica, e no mesmo dia recebe
os graus de companheiro e mestre maçom. A Grande Loja da França, ao
tomar conhecimento deste fato, expulsou esta loja e seu Venerável
Mestre, Obram. Dr George Martin, persuadiu este Venerável Mestre a
fundar uma organização aberta a homens e mulheres, em pé de igualdade,
juntamente com a escritora e jornalista Marie Deraisme. O Franco-Maçom,
George Martin, Senador da República, que vinha trabalhando pela admissão
da mulher na maçonaria, ofereceu sua ajuda a Marie Deraisme, que está
resolvida a ver seu sonho realizado.
Esses três seres complementares reúnem seus conhecimentos para enfim,
depois de tantos obstáculos criados por alguns franco-maçons, Marie
Deraisme realiza sua grande obra; nasce oficialmente, em 04 de abril de
1893, a Grande Loja Simbólica Mista da França. A nova potência foi
denominada "Le Droit Humain" (O Direito Humano). A escritora, Marie
Deraisme fundou ainda a primeira loja feminista durável que levou o nome
de "O Direito Humano"; é uma loja mista de rito Escocês, mas que só
inicia mulheres.
Em Portugal, o boletim oficial do Grande Oriente Lusitano, registra em
1881, a existência em Portugal de uma loja de adoção, com o título de
"Filipinas de Vilhena", aprovada pelo decreto nº 18 de 29 de dezembro
de 1881, autorizando a instalação e regularização, sob os auspícios
desse Grande Oriente, como filial 01 da loja "Restauração de Portugal".
Essa loja teve vida agitada dentro da maçonaria, sendo expulsa deste
Grande Oriente pelo decreto 9 de 10 de junho de 1883. Ingressaram então
na nova Grande Loja dos maçons livres e aceitos de Portugal.
Esta loja feminista abandona a Grande Loja em 29 de outubro de 1884,
indo a seguir, filiar-se à Grande Loja Departamentel de Fortaleza do
Grande Oriente da Espanha, até que em junho de 1885, a Venerável é
expulsa, acabando assim a agitada vida da 1ª loja de adoção de Portugal.
Somente em 1904, é que voltam a aparecer lojas de adoção em Portugal, e
pouco a pouco as senhoras conquistaram sua independência, passando a se
organizar em lojas femininas independentes, tal como as lojas
masculinas, com representação própria e nitidamente apoiada pela "Le
Droit Humain" Francesa.
Em São Paulo, a 4 de janeiro de 1871, irmãos das lojas "Amizade", do
Grande Oriente Beneditino, fundaram a loja feminina, "Sete de Setembro"
da qual foi a primeira Grã-Mestre, Francisca Carolina de Carvalho.
Vera Facciolo, em sua tese, cita uma relação de nove lojas femininas,
fundadas sob a jurisdição do Grande Oriente Unido, e que tiveram vida
entre 1874 e 1903. Em Campos, a loja "Anita Bocaiúva"; no Rio de
Janeiro, "A estrela Fluminense" e as "Filhas do Progresso"; em Curitiba
a loja "Filhas de Acácia"; em Juiz de Fora a loja "As Filhas de Hiran";
em Bagé, "Fraternidade"; em São João da Barra (RJ) a "Perseverança"; em
Barra do Itapemirim (ES), "Teodora". Dessas lojas, uma foi dissolvida,
uma eliminada pela ordem, três simplesmente desapareceram, e uma teve o
pedido de regularização indeferido, as três restantes foram dissolvidas
e cassadas por ato de Grão-Mestrado em 25 de setembro de 1937. Segundo a
Grã-Mestre Vera Facciolo, entre 1874 e 1903, existiu em Bagé (RS), a
loja mista "Fraternidade", portanto pode-se afirmar que as lojas mistas
do Rio Grande do Sul, existiam antes de 1937. Até este ano foi
encontrado provas de tais lojas.
Em Porto Alegre, até 1937, havia uma loja mista denominada "Verdade e
Justiça nº 659", trabalhava em um prédio na rua República, e era filiada
a "Le Droit Humain", da França. Desapareceu durante o regime
discricionário do Estado Novo. Ainda em Porto Alegre, a loja mista
"Vanguarda"; em Santa Maria a loja "Aor"; em Santana do Livramento,
trabalhava uma loja mista filiada ao "Direitro Humano", e "Lautaro".
Quer nos parecer que estas lojas tiveram atividades até 1960. (os dados
encontrados são vagos), contudo, segundo informa o maçom, José Jorge de
S. Marques, que a A.R.L.S. Verdade e Justiça 659 "O Direito Humano",
ainda funciona em Porto Alegre, sob os auspícios do O.M.M.I. - Le Droit
Humain.
Em 1902, foi fundada nos Estados Unidos da América do Norte, a ordem
Maçônica Mista Internacional "O Direito Humano", e em 1919, no Rio de
Janeiro, foi fundada a loja mista "Ísis". A Federação Brasileira "O
Direito Humano", filiada a Maçonaria Mista Internacional, "Le Droit
Humain", foi fundada em 1929.
Na França, e em outros países, existem atualmente, lojas femininas
masculinas e mistas. Em nosso país, as potências masculinas regulares
não reconhecem as lojas femininas e mistas e no entanto, estas aceitam
como regulares as potências masculinas. O Grande Oriente do Brasil, em
1940, suprimiu de sua legislação as lojas de adoção, ficando assim
evidente a sua aceitação posterior.
Há mais de 75 anos, espalhadas pelo mundo, funciona a Ordem
Internacional "As Filhas de Jó", para jovens filhas de maçons de 11 a 20
anos, desenvolvendo em seus núcleos um ritual puramente devocional
(lunar).
Na atualidade o tema "Mulher na Maçonaria", tem sido assunto de muita
controvérsia, muitas opiniões já foram publicadas pela Imprensa
Maçônica, algumas favoráveis ao ingresso da mulher na maçonaria regular
masculina, e, em grande maioria são opiniões contrárias a esse
procedimento.
A revista "Acácia", dedicou em várias edições, artigos de profundidade
sobre o tema, alguns assinados por respeitáveis irmãos maçons.
Comentários de alguns autores:
Friedrich Nietzche, em "Oeuvres Posthumes" (Mercure de France, 1934,
156p) vê na mulher emancipada uma masculinidade, uma degeneração dos
instintos femininos que arruínam seu poder.
A Grande Loja da Suíça, publica em seu nº 30, de Cayer bleu, que a
mulher deve possuir seus próprios rituais, correspondentes à sua
sensibilidade.
Em Paris, a loja Heptágono, elabora um ritual baseado nos ritos da
tecelagem, com a simbólica das tramas e dos entrelaços.
A maçonaria de 1717, só pode refletir em suas constituições de 1723, um
sentimento geral de servilismo da mulher, em um século puritano,
dependente de seu marido ou de seu tutor. Ela não é livre no sentido
jurídico.
Dentro desta incompreensão André Bousine define esse aporte feminino em
"La Franc-Maçonnerie Anglo-Saxonne et les Femmes". Seu texto é abundante
de ensinamentos, tirados de suas próprias fontes, dos rituais, das
conversas e de sua freqüência nas lojas. Em sua tese de doutorado de
história, sustentado em Dijon, a 22 de janeiro de 1990, conservou mais
que o pensamento tradicional, o aspecto ao mesmo tempo espiritual e
histórico, baseados em valores iniciáticos, que particularmente nos
Estados Unidos, se inscrevem em um contexto sociológico, no respeito de
usos e costumes de um país. O maior interesse desta obra é traçar um
paralelo entre as lojas de adoção Francesas do século XVIII, e nossas
lojas femininas atuais, face as lojas feministas Inglesas e Americanas.
Esta matéria foi publicada originalmente no nº 4 de 1995 da edição
Francesa L'Initiation.
"O progresso em nossos dias estabeleceu entre homens e mulheres,
igualdade de direitos sociais, políticos e jurídicos. Poderá este novo
status influir para a reconsideração de uma posição que faltam as bases
tradicionais que colocavam a mulher sob a dependência e a tutela do
homem?"
(Por Anatoli Olynik Dyn)
Fonte:
Revista TriploV de Artes, Religiões e Ciências
http://www.triplov.com/carbonaria/maconaria_feminina/esteva_krinski.htm