terça-feira, 9 de abril de 2013

A IMPORTÂNCIA DO RITUAL

A IMPORTÂNCIA DO RITUAL

O Ritual, em sua concepção específica, é um processo disciplinador de nossos atos e da vida. É uma forma de ordenar a sucessão de fases, atos e atitudes destinadas a promover o desenvolvimento gradativo e lógico dos acontecimentos da Natureza, em comunhão com a atividade do ser humano, isto é, do ser vivo pensante.

Não se trata de um acontecimento aleatório e supersticioso, mas de um processo científico e técnico, presente em todos os fatos do mundo profano, embora se manifeste mais claramente na esfera religiosa, esotérica e principalmente nas ordens iniciáticas como a Maçonaria. O ritual nada tem de crendice e mistério, ele representa ordem de processos, determina que aquele que o pratica, faça a atração das forças a serem mobilizadas; depois deverá concentrá-las e em seguida, de maneira gradativa, dinamizar e direcioná-las para o objetivo escolhido. Nem sempre este objetivo será nobre e o iniciado deve ter conhecimento que a força do ritual poderá ser utilizada tanto para o bem como para o mal dependendo da ritualística praticada e o iniciado deverá conhecer ambas as forças e obviamente como maçons que somos seguirmos pela senda do bem ao próximo.

Observamos as fases de um ritual nos dias que se passam, na vida de todos os dias. Não seria um ritual aquela sucessão de etapas que realizamos logo que acordamos pela manhã? E quando nos atrasamos não nos sentimos mal o dia todo como se estivéssemos fora de sintonia? Ou quando temos que pular alguma fase?

Dentro do ritual de nossas vidas somos todos sacerdotes. Uma das características do ritual é a repetição, sem falhas dos gestos, palavras e ações, que quando feitos com concentração e motivação alegre, nos ligam com arquétipos e energias muito benéficas às nossas vidas. Ainda mais importante é a atuação de cada um dentro de um ritual destinado a nos ligar às energias superiores ou mesmo significações filosóficas em prol não apenas de quem o executa mais em prol de algo maior e muito valoroso.

O Ritual Maçônico se constitui de um meio poderoso para fazer com que todos aqueles que dele participam, atinjam um estado superior de consciência, que através da repetição disciplinada e constante, com grande requinte de detalhes e realizado com extrema atenção e correção, realizado com suavidade e obedecendo a um certo ritmo, gera equilíbrio emocional, calma interior, além de colocar cada um em estado de atenção.

Nota-se que, quando o Venerável de uma Loja está indisposto, desconcentrado, cansado, nervoso, preocupado ou perturbado por emoções e/ou energias estranhas, ocorre desde o início do ritual, uma “quebra” na prática do mesmo. As falas saem erradas, pulam-se partes do ritual no que se refere a sua seqüência e tudo começa a ficar fora de sintonia. Os erros do Ven.’. Mestre são logo acompanhados de erros dos demais Oficiais e por fim acaba por se instalar uma completa desarmonia no ambiente da Loja, gerando completo desconforto daqueles que participam.

A meditação no início serve para acalmar os ânimos, relaxando os nervos, diminuindo a exaltação e o “stress” do dia-a-dia, nos desligando das preocupações profanas. Nosso ritual irá com certeza fluir melhor após uma meditação bem realizada.

Toda escola iniciática estabelece um ritual, uma liturgia a ser seguida de maneira irrepreensível. Não se trata apenas de uma repetição de ações, mas de principalmente de se gerar uma forte energia que alimente uma egrégora, o qual, por sua vez, dará um sentido e uma força mágica ao ritual e ao cerimonial. É dessa seqüência cerimonial que a Iniciação retira seu mais profundo significado, produzindo um impacto emocional e espiritual necessário ao candidato e que marcará sua alma por toda a eternidade.

A Maçonaria como herdeira e depositária de ritualísticas advindas de sociedades muito mais antigas, como a egípcia por exemplo, transforma o indivíduo atuando nele e no grupo como um todo, causando uma transmutação interior.

O ritual tem uma importância capital na Maçonaria, e, definitivamente é um mau maçom aquele que faz pouco caso da ritualística ou a realiza apenas de maneira mecânica. Gestos, palavras, sons e posturas são geradores e canalizadores de energia, sejam positivas ou negativas. É responsabilidade dos Oficiais da Loja zelar para que os Obreiros ajam conforme a maneira prevista na ritualística, corrigindo desvios e impondo disciplina, pontualidade, assiduidade, dedicação aos estudos e conhecimento profundo de cada grau que o Obreiro venha a praticar.

Sabe-se por experiência, que Lojas que abateram suas colunas foram as que relaxaram na disciplina e no rigor da prática ritualística. É quando a egrégora se enfraquece a mesma com o tempo se desfaz e há uma quebra e o grupo se enfraquece.

Outra causa comum da dissolução das lojas é a fuga dos Obreiros por falta de motivação. O principal responsável é geralmente o Venerável que negligencia suas obrigações e deixa de preparar uma instrução ou um tema para debate em cada Sessão. Os Obreiros se sentem frustrados por não terem aprendido nada de novo naquela reunião e começa a pensar ser uma perda de tempo ir a Loja.

É no embate de opiniões e nas contribuições de cada membro do grupo que descobrimos novas formas de ver o mundo e então buscamos o que há de mais fundamental na Maçonaria: a investigação e busca da verdade.

Aprendizes-Maçons, ânimo nesta nova e importante etapa de vossas vidas e lembrem-se, o aprendiz não fala apenas simbolicamente, pois, precisa mais ouvir do que falar para que possa absorver com mais eficácia este mundo novo que se apresenta.

Oriente de São Paulo, Capital, 22 de março de 2005 da E.'.V.'.

Irm:. Sergio Sargo – M.'.I.'.

Fonte:

Revista Arte Real, n. 7, ano 3, maio de 2009.

http://www.entreirmaos.net/wp-content/uploads/2010/07/artereal271.pdf